quarta-feira, agosto 26, 2009

Bronenosets Potyomkin (1925)




Queria ver este filme de Sergei Eisenstein há anos. Poucos filmes desta era conseguiram atingir o estatuto e renome do filme mais famoso do maior realizador russo de sempre. O filme resiste e continuará a resistir ao tempo não só por ser uma peça histórica de grande relevância. Uma obra com um papel político e social muito marcada, com o objectivo maior de reeducar o público para os ideais de revolução.

O filme abre, como de resto vários filmes de Eisenstein, com uma citação de Lenin. Nota-se ainda um deslumbre por parte do realizador pela politica defendida por Lenin. Uma politica em que os ideais revolucionários e em prole do proletariado faziam sentido à época, nunca suspeitando que podiam levar ao regime ditatorial que dai decorreu (reforçado em muito por Estaline).

Mas este filme tem outros trunfos magistrais, a essência do cinema de Eisenstein acontece na sala de montagem onde ele consegue introduzir o ritmo que pretende. Mas tem também um trunfo nas grandes cenas onde o realizador tira partido do impacto visual de alguns pormenores. A cena da escadaria com o pormenor do carrinho de bebé é disso bem evidente. Embora tente puxar a atenção do espectador para a acção principal Eisenstein recorre a planos que não se foquem apenas num plano de acção, mas em vários, trazendo mais um nível de complexidade ao filme aproximando-o da realidade. Este efeito é notório nas cenas que mostram o adensar da turba no cais. Todas estas inovações fizeram esta obra tornar-se famosa, seguindo-se um magistério de influência que dura até aos dias de hoje.


Nota: 4,5/5

Olhem, querem ver...


Recebi mais um selinho e este tem um interesse particular porque pretende homenagear blogs cuja originalidade não se pode copiar ou traduzir.

Tenho a agradecer à Gema do mui recomendado blog, Os filmes da Gema que vos instigo a visitar. Muito Obrigado Gema.

Allen fez-me companhia

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As férias foram produtivas. Tive tempo para ver e rever alguns filmes e tive tempo para pôr parte da leitura em dia. Analisando todos os pedaços de cultura que me passaram pela mão, Allen foi responsável pelo maior número. Então que andei eu a ver do mestre Judeu?

Annie Hall (1977)


Hands down o meu filme favorito de Woody. Se há coisa que Allen faz bem é escrever diálogos. São soberbos, a personagem que ele personifica neste filme é uma das minhas personagens preferidas da história do cinema, nunca ninguém foi tão neurótico e, principalmente, nunca ninguém foi neurótico de forma tão culta e erudita.

Manhattan (1979)

Ok, as personagens têm nomes diferentes das do filme anterior, mas são as mesmas. Este é o Annie Hall 2. E ainda bem que é, porque é quase (falta-lhe um bocadinho assim) tão bom como o anterior. Aqui a personagem de Allen interage com a personagem de Keaton num grau de erudição ainda mais elevado. Este chorrilho cultural pode ser visto como um elitismo de esquerda, mas considere-se este um abrir de olhos para consciências desconhecidas.

É neste filme que Allen diz que vale a pena estar vivo porque existe Groucho Marx (no blog pululam posts em que falo sobre a influência avassaladora da obra de Groucho sobre Woody Allen)

The Purple Rose of Cairo (1985)

Uma homenagem ao cinema. Um filme sobre filmes. A verdadeira fragilidade das relações humanas é aqui exposta através de uma personagem de um filme que desconhece a realidade e os problemas que aí existem. Um exercício complexo demonstrado de uma forma simples com recurso ao absurdo.

Radio Days (1987)


Mais uma vez, Allen consegue produzir diálogos e, sobretudo, situações tão bem construídas que me arrepia. Para mim a narração e a convivência da família num espaço exíguo fazem deste um grande filme. As musas de Allen à época entram todas neste filme. Se fosse hoje entrava Scarlett Johasson.

P.S. – Já se aperceberam da similaridade entre alguns filmes de Allen e de Tarantino? Há nos dois um cuidado extremo com os diálogos e ambos fazem amor com as personagens femininas através da câmara.

sábado, agosto 15, 2009

AddCritics – O Regresso parte (2^43112609) − 1

O casal de moscas da mesa do canto importa-se de sair? O senhor e a Senhora Musaranho têm reserva para as 4.

A minha época estival está a terminar. E termina ainda dentro da silly season, dai o parágrafo acima. Antes da rentré politica, antes do início do ano académico (por tradição só se inicia algures em Novembro), e quase ao mesmo tempo das visitas de Paulo Portas a feiras e mercados, eis-me de volta ao estaminé. Venho com coisas fabulosas para vos contar e com isto não pretendo dizer que vou efabular as coisas, que para fábulas já nos chegam as rábulas que preenchem os jornais nesta escassez noticeira, venho-vos falar do mesmo de sempre, não fosse eu mais um enfadonho conservador com modos clássicos, filmes.

O que andei a ver neste interregno? O que me apetece ver? O que vou ver?
Estas são questões que, estou certo, vos irão (a forma verbal, não o País) agarrar em frente ao monitor a ler como se não houvesse amanhã. Ah o calor interior que me trazem estas frases feitas. Just a warm fuzzy little place to fall on to.

PS – Se fossem matemáticos ou autistas achariam particular graça a este post.

terça-feira, julho 21, 2009

Les Vacances de Monsieur Hulot (1953)


Jackes Tati veste o papel de Monsieur Hulot aquela que é a sua personagem mais carismática. É com esta personagem que Tati nos leva a regressar ao cinema de regras clássicas, como o cinema de Chaplin. Consegue transmitir emoções muito vivas com recurso a comédia situacional e de costumes, exacerbando a reacção do espectador com o auxílio exímio de uma banda sonora perfeita. Esta tradição do cinema mudo é transposta para uma realidade muito mais acelerada e muito mais exigente de uma forma sublime. Apenas Tati consegue segurar o espectador moderno numa cadeira de cinema com filmes de moldes mudos.

“Les Vacances de Monsieur Hulot” está, a meu ver, uns furos abaixo de “Mon Oncle” (1958) de que já aqui falei. No entanto não deixa de ser um exercício fabuloso de cinema e uma obra extremamente corajosa e arriscada. As férias como aqui são retratadas trazem-me um sentimento saudosista de quando as pessoas de férias, por se encontrarem deslocadas, se reuniam e novas amizades, ainda que efémeras, se firmavam apenas para se retomarem um ano depois em equivalente situação.

Nota: recebe um firme 3,5/5


P.S. Quero mais, quero mais filmes de Tati. O génio que veio de França.

quinta-feira, julho 09, 2009

Interesting movie facts #1

Olha, não me digas que há uma nova rubrica?
Há pois e logo do mais geek que há. Aqui vou falar de factos interessantes, para alguns, e maioritariamente desconhecidos sobre filmes.

Para estreia vou enumerar os filmes que alguém está a ver num filme. São portanto filmes dentro de filmes, verdadeiras homenagens em imagem real.

Bride of Frankenstein (1935) - Bride of Chucky (1998), Gods and Monsters (1998)
The Brides of Dracula (1960) – The Matrix Reloaded (2003)
The Criminal Code (1931) – Targets (1968)
The Dead Zone (1983) – Cat’s Eye (1985)
Duck Dodgers in the 241/2th Century (1953) – Close Encounters of the Third Kind (1977)
Frankenstein (1931) – Shocker (1989), Scream (1996)
Frakenstein Meets the Wolf Man (1943) – Alien Versus Predator (2004)
Freejack (1992) – True Romance (1993)
A Guy Named Joe (1943) –Polterigeist (1982)
Halloween (1978) – Halloween III: Season of the Witch (1982), Scream (1996)
Hellraiser (1987) – Basic Instinct (1992)
It’s a Wonderful Life (1946) – 976-EVIL 2 (1992), Gremlins (1984)
Night of the Living Dead (\968) – 976-EVIL 2 (1992), Halloween II (1981)
Invasion of the Body Snatchers (1978) – Gremlins (1984)
To Please a Lady (1950) – Gremlins (1984)
Night of the Lepus (1972) – The Matrix (1999)
Octaman (1971) – Gremlins 2: The New Batch (1990)
Rambo III (1988) - Gremlins 2: The New Batch (1990)
Plague of the Zombies (1966) – Fright (1971)
Rio Bravo (1959) – Get Shorty (1995)
The Quiet Man (1952) – E.T. The Extra-Terrestrial (1982)
Shogun Assassin (1980) – Kill Bill Vol. 2 (2004)
Stagecoach (1939) – The Apartment (1960)
Summer of ’42 (1971) – The Shining (1980)
The Thing From Another World (1951) – Halloween (1978)
Forbidden Planet (1956) – Halloween (1978)
The Third Man (1949) – The Man Who Fell to Earth (1976)
Billy Budd (1962) - The Man Who Fell to Earth (1976)
The Vampire Lovers (1970) – The Return of Count Yorga (1971)
White Zombie (1932) – Ed Wood (1994)
The Wolf Man (1941) – The Howling (1981)

E cá está uma lista perfeitamente inútil. Se conhecerem mais casos deixem um comentário.

segunda-feira, julho 06, 2009

Isto está Incorrecto!


Caros leitores e ocasionais voyeurs que passam aqui à porta e olham de soslaio pelo buraco da fechadura, descobri outra incorrecção de tradução. E como aqui em casa não gostamos nada de liberdades poéticas de quem não é poeta, sacamos da moca de Rio-Maior (que comprei na feira das tasquinhas) e Pumba! Agora até parecia o Jorge Coelho! (Quem se mete com o PS leva).

No filme mítico de John Carpenter “Escape from New York” (1981) acontece algo de muito estranho:

Hauk (Lee Van Cleef) – It’s a homing device.

Tradução: É um aparelho caseiro.

Correcto: É um aparelho de localização.

P.S. – Foi bom rever o grande Lee Van Cleef

P.S.2 – Qual o filme de 2008 tem no seu poster uma homenagem clara a este filme de Carpenter?

The Apartment (1960)


Desconheço a obra de Billy Wilder, um dos realizadores históricos, uma lenda (ganhou 6 Óscares da Academia e foi nomeado para mais 15). Este era um dos filmes pelos quais andava a salivar. Queria vê-lo, queria muito vê-lo. E vi-o em todo o seu esplendor, num preto e branco que me atrai. Jack Lemmon está como sempre perfeito e a sua interpretação neste filme fez-me lembrar Woody Allen (que me começa a parecer ser uma mescla profunda entre o seu ídolo Groucho e o Jovem Jack Lemmon), e alguns diálogos entre ele e Shirley MacLaine lembraram-me vagamente Annie Hall (1977) (não há dúvidas que Allen foi inspirado por Wilder).

Vamos ao que interessa porque temos de ir todos trabalhar. O filme é sublime, está bem filmado e soberbamente interpretado. Uma ode ao cinema clássico, num drama bem-disposto, mascarado de comédia.

Vi-o, mas quero vê-lo outra vez e depressinha. Só não sei se primeiro não vou ver os outros dois filmes de Wilder que tenho no caixote. Sim, no caixote porque me ofertaram um caixotinho com 3 obras-primas (assim espero) do Billy (agora que já lhe conheço parte da obra sinto que já somos íntimos).


P.S. Vamos a uma partidinha de Gin Rummy?


Nota: 4,5/5

sexta-feira, julho 03, 2009

Barton Fink (1991)


Um escritor é contratado para escrever um guião para um filme de wrestling. Sem conhecer nada sobre o tema, sem conhecer ninguém em Hollywwod e com o intuito de escrever um filme importante sobre o Homem comum, Barton Fink fica preso num quarto de Hotel sem saber o que escrever até que os acontecimentos à sua volta lhe trazem a inspiração que lhe fugia. Escreve aquele que considera o seu melhor trabalho, mas que não agrada ao seu patrão. O filme termina com um episódio estranho que expia a seu própria culpa, mas que o envia para um lugar estranho, sempre acompanhado da caixa.

Está muito, muito bem filmado e foi um prazer descobrir esta obra.

Nota: 4/5

quinta-feira, julho 02, 2009

The Hangover (2009)


Este é daqueles filmes de comédia que aparecem muito raramente e que têm a capacidade de se destacar completa e rapidamente do pelotão de filmes de comédia medíocres. Este batalhão indistinto de filmes é normalmente suportado apenas pelos galões de actores com provas dadas no género e que têm o único propósito de servir de acompanhamento para bidões tamanho jumbo de pipocas doces.

É puro divertimento do princípio ao fim com um turbilhão de situações inesperadas que fogem a lugares-comuns. Sem nenhuma estrela de primeira água nos papéis principais, o elenco entrega uma interpretação sólida e muito boa. Just a word of advice – sigam a carreira de Ed Helms, porque depois de ver este filme e comparar esta à sua interpretação no “The Office”, só podemos esperar boas coisas deste actor.

Vejam este filme porque vão ter uma boa experiência.

Nota: 4/5

P.S. – The Hangover 2 já está programado. Que esta não se torne num flop como a saga American Pie, da qual só os dois primeiros são bons filmes. Nas imortais palavras de Ramesés II – Shall it be written. Shall it be done.

quarta-feira, julho 01, 2009

Land of the Dead (2005)



A verdade é que não sou um connaisseur da série Dead de Romero, mas sei que este senhor criou uma escola, um género que tem seguidores em todo o mundo. Toda esta história não invalida o facto de este filme ser muito fraquinho e de não acrescentar nada ao universo Zombie. Desaconselho em absoluto a visualização desta obra, a menos que sejam fãs de Romero, mas se forem já o viram e este concelho não tem validade.

Nota: 1,5/5

Ui que temos uma desilusão!


Ter desilusões com alguns filmes é algo de que não nos livraremos nunca.

Já por aqui falei das desilusões que tive/tenho com algumas das séries que me forjaram como apreciador de televisão, mas esta desilusão também me aflige quando revejo alguns filmes.
Aconteceu-me com um filme do qual tinha muito boa impressão, “Dracula” (1992) do Coppola. Tenho uma bela edição deste filme que me foi oferendada, e revi-o a semana passada. O filme que eu julgava excelente, não o é, chega a ter algumas sequências anedóticas e nem o excelente elenco (Hopkins e Oldman) consegue salvar a minha ideia romântica da obra. Claro que ter o pior actor da história (K. Reeves) não ajuda, mas não é por isso que o filme não funciona como devia. É pouco apelativo e falha naquilo em Coppola é melhor, na narrativa.

quarta-feira, junho 17, 2009

Monserrate


Não é um ensaio fotográfico nem mesmo um exercício de representação de realidades alternativas, mas fui aos jardins do palácio de Monserrate e isto foi o que saiu. No sítio do costume estão lá mais momentos.

terça-feira, junho 16, 2009

Angels and Demons (2009)



Quero declarar uma coisa, e vamos considerar este o ponto de partida. Não li o livro.

Posto isto, tenho a dizer que esta temática é sem dúvida uma das minhas preferidas. Os segredos da igreja, a religião e o seu papel histórico, o modo como o catolicismo lida com os seus demónios, são assuntos que me atraem. Daí o meu gosto por filmes como "The Name of the Rose" (se bem que aqui há muito mais que me faz gostar deste filme), "Stigmata" e até mesmo "The Ninth Gate".

Gostei de ver o filme, e gostei muito mais de ver este filme do que a Part I - a.k.a. "The Da Vinci Code". O enredo foi construído como se tratasse de um policial de acção, mas quando se pensa bem no que ali foi retratado percebe-se que a verosimilhança foi posta de parte e que o que inicialmente fora bem construído foi desconstruído de forma previsível. Embora Ron Howard tenha filmes que eu aprecio muito, um exemplo flagrante é o "A Beautiful Mind", não foi o realizador certo para estes filmes. É muito certinho, muito tradicional, e estas histórias podiam ter sido aproveitadas de outra forma e se o fossem podiam perfeitamente ser excelentes filmes. Assim sendo, o primeiro é pouco mais que mau e este é pouco mais que banal.

Nota: 3/5 - Mas mesmo assim gostei de o ver e dou por bem empregue o dinheiro do bilhete de cinema.

P.S. Fiquei ainda com mais vontade de passar uns dias em Roma.

segunda-feira, junho 15, 2009

Primal Fear (1996)


Espera! Não é este o filme com a música da Dulce Pontes?
É pois!
Vi este filme há largos anos (sempre gostei desta expressão, é muito caricata) na televisão, e fiquei de tal forma impressionado que o procurei insistentemente quando comecei a minha demanda por DVDs. Não o encontrei em lado nenhum até que, passados uns anos, ao passear numa grande loja encontrei uma edição do tempo da outra senhora (2001) deste filme. Lá o trouxe para casa onde esteve a estagiar em prateleira de carvalho francês durante 18 meses. Revi-o ontem e posso dizer que gostei, mesmo sem o efeito surpresa de quem o vê pela primeira vez, gostei muito de ver Edward Norton numa representação majestosa que lhe valeu uma nomeação para o Óscar de melhor actor secundário.
Aconselho este filme que é essencial na filmografia de Norton, um dos meus actores favoritos.
Nota:4/5

terça-feira, junho 09, 2009

Subvalorizados.2

Lembrei-me de mais uns filmitos, ora vejam.

American Splendor (2003) – Muito subvalorizado, raramente se ouve ou vê referências a este que é um dos BioPic mais imaginativos de sempre. Nunca a realidade e a ficção se entrecruzaram de forma tão brilhante. Adoro este filme em que Giamatti se supera e se transforma em Harvey Pekar, o criador da BD “American Splendor”.

The General (1926) – O filme que Orson Wells, o homem mítico por de trás da “Guerra dos Mundos” versão radiofónica, considerou como o melhor filme de comédia de sempre. As opiniões de Wells não devem ser menosprezadas, digo eu! Este filme é mesmo muito bom, mas já falei dele por aqui, não é tanto um filme subvalorizado é mais um filme desconhecido das massas. Vejam e lembrem-se que tem mais de 80 anos e que foi feito numa altura em que não havia, ou havia poucos, efeitos especiais, e que teve a cena mais cara da história do cinema até à altura. A expressão facial de Buster Keaton é impagável.

Gangs of New York (2002) – Por algum motivo este filme de Scorsese é olhado com algum desdém. Entendo que por vezes possa ser um pouco lento e algo longo, mas considero que é um bom filme, com uma brilhante recriação de uma época/situação histórica raramente recriada no cinema.

HOJE: amália hoje

Porque felizmente me interesso por mais do que uma vertente cultural aqui vai uma recomendação fortíssima.

Chegou-me às mãos esta semana o cd de tributo a Amália, HOJE: amália hoje. E é muito bom, do melhor que tenho visto e ouvido. É um quebrar de barreiras e apresentar canções que antes trajavam fado e agora passam a trajar Pop, mas um pop internacional, como já o eram as músicas no seu formato mais convencional. Nuno Gonçalves produz este disco e prova ser um dos melhores produtores nacionais, ele consegue que as músicas se tornem envolventes e que o disco tenha uma personalidade forte, mostrando uma coerência e ao mesmo tempo uma abrangência paradoxais mas brilhantemente conseguidas. Os intérpretes também conseguem aumentar esta ambiência dando um cunho muito particular a cada música. Resta aqui referi-los: Fernando Ribeiro, Paulo Graça e Sónia Tavares. Recomendo esta reinvenção de algo que segundo Nuno Gonçalves já era Pop de uma diva que diz ser muito mais do que fado.

quarta-feira, junho 03, 2009

Filmes Subvalorizados

Olá senhores do pato azul!
Aqui o pasquim tem andado um pouco abandonado, tenho no entanto uma boa explicação. Tive umas semanas muito interessantes de trabalho, muito estimulantes mas extenuantes. Três coisas acontecem em semanas assim, fico sem tempo para ver filmes, passo o tempo a pensar noutras coisas e fico de tal modo cansado que só penso em dormir.
Por isso não tenho visto filmes, mas tenho andado a matutar numa coisa – Filmes que são subvalorizados. Há filmes que são muito bons e que pura e simplesmente são desconhecidos, há outros que são bons mas que por algum motivo não são lembrados com a frequência que mereciam e ainda filmes que todos reconhecem ser muito bons mas que por algum motivo caem facilmente no esquecimento.
Cá estou eu para vos avivar a memória e para vos dar a conhecer filmes excelentes mas que estranhamente são subvalorizados. Vamos a isto? Vamos pois, que para a frente...vocês sabem o resto.
The Name of the Rose (1986) – É o meu filme preferido de sempre, é absolutamente fabuloso. Não conheço mesmo ninguém que não goste dele. Mas é pouco falado é pouco discutido e no entanto deveria ser visto, revisto, trivisto, porque é um dos melhores filmes da história do cinema.
Trainspotting (1996) – Este filme é excelente, supera em muito o novo filme de Boyle. É tudo bem feito neste filme, o elenco é excelente a musica assenta-lhe na perfeição e a trama é do melhor que se tem visto.
Basquiat (1996) – Parece que 96 foi uma boa colheita. Este é outro dos meus filmes preferidos de sempre e aquele a que o estatuto de 7ª arte melhor se adequa. Tem uma estética muito própria com uma banda sonora diferente do habitual, mas que nos ajuda muito a perceber o ritmo do filme. Com um elenco fabuloso Schnabel arranca de Jeffrey Wright a melhor interpretação da sua carreira.
Chariots of Fire (1981) – Este filme é duplamente gigante. Se o filme é excelente, a banda sonora não lhe fica atrás e é só por si uma obra brilhante, que valeu o Óscar a Vangelis. Quero correr na praia com o vento na cara e a água nos pés.
Stigmata (1999) – Vi este filme pela primeira vez em 2000/2001 de um trago sem intervalos e de boca aberta. Só voltei a tomar consciência do meio que rodeava quando o filme acabou. Poucas vezes teve um filme tamanho efeito em mim.

Aqui ficam alguns de que me lembrei, outros virão certamente. Fiquem bem que agora os patos já são esverdeados.

quinta-feira, maio 21, 2009

Blade Runner (1982)


Decidi rever este que é um dos filmes mais falados e amados que conheço. Todos, todos os que viram este filme nos anos 80, o adoram de uma maneira que me ultrapassa. A verdade é que a primeira vez que vi esta obra de Ridley Scott, não fiquei impressionado, achei-o um filme normal, não mais que isso. Mas uma pessoa vai crescendo, aprende a apreciar mais as coisas, consegue olhar para um filme com outros olhos. Muitas vezes, e este é um risco, o modo como se olha para um filme é toldado por opiniões externas, que inadvertidamente alteram a nossa própria percepção do filme.

Então vi-o com mais cuidado, com mais atenção. Achei que conta uma história simples, nada complicada, em que o personagem principal é pouco carismático com tiques típicos. Mas não é ele que faz o filme são os seus inimigos, vitimas inocentes de uma sociedade evoluída que os cria apenas para os descartar de seguida, tornando o que podia ser um acto magnânimo, a atribuição de sentimentos, num acto mesquinho e terrivelmente perverso.
O Filme ganha muito, atinge mesmo outro patamar, com a realização. A composição de algumas cenas e sobretudo a velocidade de algumas cenas elevam a obra ao estatuto de arte. No geral gostei do filme, mas embora muito bem realizado e mesmo com toda a poesia e conflito filosófico entre o bem e o mal e a existência ou não desta divisão, não o considero a obra-prima que muitos advogam.

Nota: 3,5/5 mas entendo que este filme tenha revolucionado o modo de fazer ficção científica, apenas tinha as expectativas muito empoladas pelo que li e ouvi ficando com um pequeno sentimento de desilusão.

domingo, maio 10, 2009

Mais selinhos

Caros leitores o AddCritics foi distinguido com mais dois selinhos. Desta vez os prémios foram conferidos pelo mui distinto Altieres do blogue Tomada 7: Luz, Câmara, Ação! (passem por lá A.S.A.P.). Altieres, Obrigado!

Agora parem lá de ler Truman Capote, porque pode tornar-se demasiado angustiante, e atentem nos selinhos:

quinta-feira, maio 07, 2009

The Frighteners (1996)


Peter Jackson no pré-LOTR e numa abordagem menos extrema, menos Gore ao universo do terror. É um filme dos anos 90, mas com o aspecto e com a sensação de um filme dos anos 80, o que para mim é bom, porque aprecio muitíssimo as comédias familiares dos anos 80. Nada paga aquela simplicidade.

Michael J. Fox interpreta um caçador de fantasmas que teve uma experiência próxima à morte e por isso consegue ver fantasmas. Arranja uns fantasmas amigos e monta um negócio em que burla pessoas. Mas, quando um fantasma verdadeiramente vil aparece e inicia uma matança ele é a única salvação para a cidade.

Tenho que concordar que não será o melhor filme do mundo, mas manteve-me entretido durante cento e poucos minutos. Se um dia estiver a fazer zapping e passar por este filme, vou ficar com certeza a ver uns minutinhos.

Nota:3/5

quarta-feira, maio 06, 2009

Fotos de Paris

Vamos à divulgaçãozinha? Vamos?

Como alguns de vós saberão há coisa de um mês passei um fim-de-semana na bela cidade Luz. Deixei no 3 da manhã na rua 53 uma selecção das fotografias que tirei nessa estada. Digam o que acham. E baixo deixo um petit Hors d’oeuvre.


Happy Days (1974-1984)


Algumas das minhas compras de DVDs são nostálgicas. Compro séries que me trazem memórias, que fazem reviver sensações antigas. Infelizmente algumas destas compras provam que algumas coisas devem permanecer no passado, porque pura e simplesmente não resistem ao teste do tempo e tornam-se muito datadas. Um exemplo claro foi quando comprei uma série do MacGyver, e esta é uma das séries que recordo com mais carinho de sempre. Ao ver alguns dos episódios apercebi-me o quão fraca é a série, as interpretações são risíveis e o argumento fraquíssimo, mas caramba o homem consegue sair de cada situação apenas com meia dúzia de ingredientes, também o facto de ficar sempre preso em armazéns, despensas e cozinhas ajuda um bocadinho. Mas, por vezes as minhas recordações são compensadas com séries e filmes que superaram o tempo e continuam bastante interessantes.
Aconteceu com a série Happy Days (1974-1984). Esta conta-nos as peripécias de um grupo de estudantes do secundário nos anos 50 nos Estados Unidos da América. O elenco é liderado por Ron Howard, sim o realizador que aos vinte anos protagonizou esta que é uma das séries mais recordadas de sempre da TV norte-americana, e conta com umas das personagens mais carismáticas da história - Fonzie. Fonzie é tão cool que no Family Guy existe uma Igreja cujo Deus é Fonzie. Hey!

Happy Days é ainda muito aprazível de se ver e eu devorei a duas primeiras séries. Esta leva o carimbo AddCritics de qualidade e não só pelas memórias que me traz (não sou assim tão velho mas algures no final dos anos 80 inicio dos 90 esta série foi transmitida num dos canais nacionais).

Um episódio ao deitar com um copinho de água fria, nem sabe o bem que lhe fazia.
Nota: 4/5

terça-feira, maio 05, 2009

Selos

Caros senhores, deixem de olhar para o hipopótamo cor-de-rosa e atentem no que lhes digo. Esta loja de canto recebeu selos. É verdade pela primeira vez o AddCritics recebe selos.

Gema fica aqui o agradecimento do balconista de serviço. Já agora caros leitores e caras leitoras (aqui não apoiamos movimentos segregacionistas) passem pelo blogue da Gema, vão ver que vão gostar.

E os selos são:




domingo, maio 03, 2009

The sting (1973)


Como costume voltamos aos clássicos e voltamos em beleza com um filme que junta Paul Newman e Robert Redford após o sucesso de “Butch Cassidy and the sundance Kid” (1969). Este filme arrecadou 7 prémios da academia incluindo melhor filme.


Conta como dois burlões, burlam o rei do crime de Chicago e conseguem perpetrar “the big con”. O final embora não muito rebuscado, não é linear o que acrescenta uma nova dimensão ao filme, fazendo-o saltar de um filme de época para algo mais.


É um bom filme em que torcemos por quem leva uma vida menos criminosa, mas nunca temos inocentes por quem torcer.

Dêem-me clássicos, muitos clássicos, e saudinha para os ver.

Nota: 3,5/5

sexta-feira, abril 24, 2009

Gran Torino (2008)


Eastwood está-se a tornar um dos meus realizadores favoritos. Este Senhor não falha e em 2008 presenteou-nos, ainda, com outro grande filme - “Changeling”.

Finalmente, consegui ver este que foi, talvez, o filme que mais me foi aconselhado nos últimos tempos. Foi-me vendido como a história de um Dirty Harry reformado. Não achei que fosse assim, mas entendo a comparação. Walt Kawalski, é um homem marcado pelas memórias de guerra e de uma vida de dedicação ao trabalho, é um homem que nunca conseguiu criar laços de afecto com filhos e netos, e que encontra nos vizinhos uma nova família após a morte da sua esposa. Como é típico em filmes com esta premissa, o velho irascível torna-se cada vez menos irascível ate se tornar numa personagem com a qual o espectador cria laços afectivos.

Este foi escolhido por Clint para ser o seu último filme como actor, facto que torna todo o filme mais emocionante e o final ainda mais poético. A verdade é que pouco actores podiam trazer esta carga emocional ao filme, é preciso ter a carreira e o estatuto que neste momento apenas o Sr. Cinema tem. Clint consegue por mérito próprio evitar que este seja um filme banal. Algo, apenas ao alcance de alguns.

Nota:4/5 – Por Clint Eastwood e pela poesia que este filme encerra.

quinta-feira, abril 23, 2009

Scream (1996)


Não sou um bom espectador de filmes de terror, porque normalmente não gosto dos filmes. Mas este filme e, suspeito, todos os filmes de Slashers não são filmes de terror, são filmes de suspense e acção.

Este filme é um típico filme de adolescentes em que existe um assassino à solta. Segue a fórmula deste formato e funciona. É agradável, vê-se muito bem e triunfa ao chacotear o género usando a fórmula de um modo particular.

É divertido mas pouco mais do que isso. Marcou uma geração e abriu as portas aos spoof movies e por isso deve ser visto. Até porque aqueles de nós que gostam de cinema devem ter presentes o maior número possível de referências, e este é uma referência do género Slasher.

Nota: 3/5

quarta-feira, abril 22, 2009

The Prestige (2006)


Caríssimos leitores. Sim, hoje o texto é para vocês os três e vem em jeito de recomendação/ordem. Quem não viu o “The Prestige”, vá ver. Não apenas por ser de Christopher Nolan, mas por ser um filme do catano.

Vi este filme há cerca de dois anos e meio, e revi-o agora em dvd, se por ventura existisse qualquer réstia de dúvida no meu ser sobre a qualidade desta obra, ela foi completamente pulverizada. É o tipo de filme que tem no argumento a sua arma principal, belíssimo argumento, mas que sem um realizador competente aos comandos podia resultar num filme escabroso. É interessante, é intenso e está bem feito. Pode-se pedir muito mais do que isto?

Parece que daqui a mais dois anos e meios vou ter de rever esta obra.
Vá lá, vão lá ver o filmito, porque sem dúvida que serão duas horas muito bem passadas. Eu só tenho pena de já o ter visto porque gostava de o ver outra vez pela primeira vez.

Nota: 4,5/5



terça-feira, abril 21, 2009

The Lost Boys (1987)


Não, não tem a ver com o Peter Pan. O único ponto de contacto é o facto de algumas personagens deste filme não envelhecerem e de voarem. Mas não temos piratas nem crocodilos com despertadores na barriga, e muito menos fadinhas do tamanho de polegares.

Imaginem o “The Goonies” (1985) (mítico, mítico, mítico – a minha geração não teve Woodstock mas viveu durante as 435 reposições deste filme) mas com adolescentes e com zombies, e têm o “The Lost Boys”. É um típico filme comédia/aventura dos anos 80 e é bastante bom (dentro do género e pensando na nostalgia que estes filmes me trazem). A mim as comédias e filmes de aventuras dos anos 80 agradam-me particularmente. Cresci a ver este tipo de filmes, porque eram os filmes que rodavam repetidas vezes nos canais nacionais.

Mas este filme por um motivo ou outro passou-me ao lado. Situação bem corrigida agora com a minha edição especial de 2 discos.

Para quem gosta dos filmes dos anos 80 é um must see.



Nota: 3,5/5 – dei 0,5 a mais só pela saudade que tinha deste tipo de filmes.

segunda-feira, abril 20, 2009

Mon Oncle (1958)


Um filme de, e com, Jacques Tati mais uma vez no papel de Monsieur Hulot, mostra que a modernidade não traz felicidade (hem! Rimou e tudo, hoje vou com embalo e inspiração).

É um filme fabuloso! Andava com vontade de ver este filme há uns anos, tinha dele muito boas referências, mas nunca o tinha visto. Finalmente consegui comprar uma edição nacional deste filme e vi-o assim que tive um tempinho extra para depender. E que maravilha de filme. É totalmente diferente daquilo que estava à espera. É completamente fresco e uma novidade para mim em termos criativos, um filme intemporal e brilhante (por isso figura no top 10 de muitas pessoinhas).

O filme apresenta-nos a dualidade entre o mundo industrial e estilo de vida pós-moderno, que esteve em voga nos anos 50, e a vida mais tradicional sem formalismos e carregada de afabilidade. Esta diferença é reforçada pela música animada que segue os acontecimentos do quotidiano menos formal, e o silêncio pontuado apenas pelo som de equipamentos vários que estabelecem o tom de uma vida formal sem cor. Monsieur Hulot é um personagem típica do cinema mudo de comédia física preso num filme sonoro a cores e que vagueia livremente entre um mundo que lhe é querido e um mundo estranho e sobretudo pouco prático.


Este filme vai lá para o topo ficar pertinho dos filmes que me são mais queridos. Vejam que é um Ganda filme, e um filme corajoso (por ser tão diferente).


Nota: 4,5/5