sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Sihichinin no Samurai (1954)


Que Kurosawa é um dos realizadores incontornáveis da história do cinema, eu já sabia, mas não sabia porquê. Agora continuo sem saber, mas sei porque passei a gostar deste realizador apenas com o visionamento de um dos seus filmes (também escolhi logo a sua obra maior).

Sihichinin no Samurai, conta, ao longo de mais de 200 minutos, a história de uma aldeia que se quer defender da pilhagem por ladrões, para tal, os habitantes da aldeia, decidem contratar Samurais. Os 7 escolhidos, a trabalhar em troco de comida, esboçam um plano de defesa e ataque armando os camponeses e barricando a aldeia. O combate inicia-se e os mortos amontoam-se, numa luta pela subsistência.

Este filme é filmado num preto e branco muito bonito, num contraste perfeito. Toda a obra tem um sentido estético absolutamente maravilhoso, cada cena tem um impacto forte e a composição é muito cuidada. O enredo é interessante, como seria de esperar não consegue escapar a alguns momentos lentos impedindo que o filme tenha a cadência ideal. Mas, de facto, o que torna este filme num dos grandes filmes do cinema é a sua beleza. E é por isto que deve ser visto, pela obra de arte que é.

Nota: pelo preto e branco e pela composição das cenas 4,5/5

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Shadow of a Doubt (1943)


Quando não há nada que valha a pena ver ponho um Hitch no leitor!

De todos os filmes que Hitchcock realizou “Shadow of a Doubt” era o seu preferido, quem me contou foi a sua neta, somos amigos e conta-me coisas. Este foi o filme por mim escolhido para ver enquanto espera pelo inicio da transmissão da cerimónia dos Óscares. Pelo menos para ter algum contacto com cinema a sério nessa noite. Estas coisas vão envelhecendo em casco de celulóide e vão ficando melhores, 66 anos de cinema de um trago lá me deram alento para uma noite em claro.

Este filme gira em torno de uma série de crimes que Charlie Newton (Teresa Wright) suspeita terem sido cometidos pelo seu tio Charlie Oakley (Joseph Cotten). Mas Charlie adora o teu e nutre por ele muita admiração. Estes sentimentos entram em conflito e quando Charlie é abordada por um detective da policia, perde toda a alegria de viver e a sua relação com o tio deteriora-se. Oakley apercebe-se do sucedido e tenta assassinar Charlie, quando a tentativa falha Oakley decide sair da cidade e acaba morto. Há uma tenção crescente no filme que como sempre não acaba de um modo cor-de-rosa.

É um filme bem filmado (e novidades pá?) com alguns pormenores muito interessantes. Vejam que faz bem aos rins e ao reumático, tenho que anunciar isto num jornal. Sou capaz de fazer uns cobres!

Nota: Para um filme com 66 anos - 4/5

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Óscares 2009 – As previsões

Parece que o parlamento está a ponderar uma resolução especial para saber quais as minhas previsões para a noite de 22. Não é preciso incomodar os senhores, até porque já anda tudo em pré-campanha, eu digo quais as previsões e não precisam de fazer uma adenda ao orçamento de estado porque eu forneço a informação de graça.


Pois cá estão as previsões, baseadas em muito pouco mas pode ser que interessem a alguém.

Best motion picture of the year


* “The Curious Case of Benjamin Button” (Paramount and Warner Bros.), A Kennedy/Marshall Production, Kathleen Kennedy, Frank Marshall and Ceán Chaffin, Producers

* “Frost/Nixon” (Universal), A Universal Pictures, Imagine Entertainment and Working Title Production,Brian Grazer, Ron Howard and Eric Fellner, Producers

* “Milk” (Focus Features), A Groundswell and Jinks/Cohen Company Production, Dan Jinks and Bruce Cohen, Producers

* “The Reader” (The Weinstein Company), A Mirage Enterprises and Neunte Babelsberg Film GmbH Production, Nominees to be determined

* “Slumdog Millionaire” (Fox Searchlight), A Celador Films Production,Christian Colson, Producer

“Benjamim Button” partiu na frente, mas perdeu gás e foi ultrapassado por “Millionaire”. Mas “Milk” chega-se à frente... Filmes políticos, são muitas vezes premiados bem como os BioPic. Qualquer um dos nomeados está em posição de ganhar o Óscar. Ficava muito triste se “Benjamin” ganhasse.


Performance by an actor in a leading role


* Richard Jenkins in “The Visitor” (Overture Films)

* Frank Langella in “Frost/Nixon” (Universal)

* Sean Penn in “Milk” (Focus Features)

* Brad Pitt in “The Curious Case of Benjamin Button” (Paramount and Warner Bros.)

* Mickey Rourke in “The Wrestler” (Fox Searchlight)


Quanto a mim Mickey Rourke, tem também uma boa hipótese de ganhar até porque Sean Penn já recebeu uma estatueta de melhor actor.



Performance by an actor in a supporting role


* Josh Brolin in “Milk” (Focus Features)

* Robert Downey Jr. in “Tropic Thunder” (DreamWorks, Distributed by DreamWorks/Paramount)

* Philip Seymour Hoffman in “Doubt” (Miramax)

* Heath Ledger in “The Dark Knight” (Warner Bros.)

* Michael Shannon in “Revolutionary Road” (DreamWorks, Distributed by Paramount Vantage)


Há dois Óscares que quanto a mim são certos, este e o de melhor animação. Nestes dois aposto todo o meu dinheiro e vocês deviam apostar também.


Performance by an actress in a leading role


* Anne Hathaway in “Rachel Getting Married” (Sony Pictures Classics)

* Angelina Jolie in “Changeling” (Universal)

* Melissa Leo in “Frozen River” (Sony Pictures Classics)

* Meryl Streep in “Doubt” (Miramax)

* Kate Winslet in “The Reader” (The Weinstein Company)



Performance by an actress in a supporting role


* Amy Adams in “Doubt” (Miramax)

* Penélope Cruz in “Vicky Cristina Barcelona” (The Weinstein Company)

* Viola Davis in “Doubt” (Miramax)

* Taraji P. Henson in “The Curious Case of Benjamin Button” (Paramount and Warner Bros.)

* Marisa Tomei in “The Wrestler” (Fox Searchlight)


Tudo parece apontar para Penélope, mas a interpretação de Viola Davis é muito boa e é um tipo de prestação que costuma ser premiada pela academia.


Achievement in directing


* “The Curious Case of Benjamin Button” (Paramount and Warner Bros.), David Fincher

* “Frost/Nixon” (Universal), Ron Howard

* “Milk” (Focus Features), Gus Van Sant

* “The Reader” (The Weinstein Company), Stephen Daldry

* “Slumdog Millionaire” (Fox Searchlight), Danny Boyle


Este ano temos muitos realizadores de peso e com provas dadas, neste momento Danny Boyle leva a dianteira e é mesmo capaz de levar a estatueta.


Original screenplay


* “Frozen River” (Sony Pictures Classics), Written by Courtney Hunt

* “Happy-Go-Lucky” (Miramax), Written by Mike Leigh* “In Bruges” (Focus Features), Written by Martin McDonagh

* “Milk” (Focus Features), Written by Dustin Lance Black

* “WALL-E” (Walt Disney), Screenplay by Andrew Stanton, Jim Reardon, Original story by Andrew Stanton, Pete Docter




Aqui estou a arriscar um pouco, mas parece-me uma ideia tão original que pode mesmo ser premiada.


Achievement in cinematography


* “Changeling” (Universal), Tom Stern

* “The Curious Case of Benjamin Button” (Paramount and Warner Bros.), Claudio Miranda

* “The Dark Knight” (Warner Bros.), Wally Pfister* “The Reader” (The Weinstein Company), Chris Menges and Roger Deakins

* “Slumdog Millionaire” (Fox Searchlight), Anthony Dod Mantle



Para mim ganhava o “Changeling”, mas o “Slumbdog Millionaire” pode também ser um forte candidato.



Achievement in costume design


* “Australia” (20th Century Fox), Catherine Martin

* “The Curious Case of Benjamin Button” (Paramount and Warner Bros.), Jacqueline West

* “The Duchess” (Paramount Vantage, Pathé and BBC Films), Michael O’Connor

* “Milk” (Focus Features), Danny Glicker

* “Revolutionary Road” (DreamWorks, Distributed by Paramount Vantage), Albert Wolsky


Não estando nomeado o “Changeling” parece-me que “Benjamim Button” é um bom concorrente, até porque não se cinge a uma década.


Achievement in makeup


* “The Curious Case of Benjamin Button” (Paramount and Warner Bros.), Greg Cannom

* “The Dark Knight” (Warner Bros.), John Caglione, Jr. and Conor O’Sullivan

* “Hellboy II: The Golden Army” (Universal), Mike Elizalde and Thom Floutz


Porque envelhecer e rejuvenescer os actores é coisa que custa e que cai no goto da academia.


Achievement in visual effects


* “The Curious Case of Benjamin Button” (Paramount and Warner Bros.), Eric Barba, Steve Preeg, Burt Dalton and Craig Barron

* “The Dark Knight” (Warner Bros.), Nick Davis, Chris Corbould, Tim Webber and Paul Franklin

* “Iron Man” (Paramount and Marvel Entertainment), John Nelson, Ben Snow, Dan Sudick and Shane Mahan


Aqui é uma luta entre efeitos notórios e efeitos suaves. Quem ganha?


Best animated feature film of the year


* “Bolt” (Walt Disney), Chris Williams and Byron Howard

* “Kung Fu Panda” (DreamWorks Animation, Distributed by Paramount), John Stevenson and Mark Osborne

* “WALL-E” (Walt Disney), Andrew Stanton


Como já disse, apostem tudo o que têm.


Best foreign language film of the year


* “The Baader Meinhof Complex” A Constantin Film Production, Germany

* “The Class” (Sony Pictures Classics), A Haut et Court Production, France

* “Departures” (Regent Releasing), A Departures Film Partners Production, Japan

* “Revanche” (Janus Films), A Prisma Film/Fernseh Production, Austria

* “Waltz with Bashir” (Sony Pictures Classics), A Bridgit Folman Film Gang Production, Israel


Aqui é mesmo só um palpite, e baseio-me apenas no sucesso do filme por terras lusas.



Este ano a cerimónia calha numa noite jeitosinha e pode ser que quebre a tradição e veja a cerimónia, algo que não faço há já uns 8 ou 9 anos.

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Lápis Azul Versão 2.0.

Já sei porque é que o Magalhães é azul. É porque azul é a cor da censura em Portugal.

Fiquei chocado ao ler isto.

Será que voltámos ao tempo da outra senhora? Com isto e com as histórias do SIS...não sei não!

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Doubt (2008)


Este filme decepcionou-me muito, é um típico caso em que o trailer é melhor que o filme e, muito sinceramente, basta mesmo ver o trailer. As interpretações, basicamente o elenco de luxo, são o chamariz do filme, mas por ser um filme tão curto e com tão pouca história os actores pouco tempo têm para se evidenciarem. Paradoxalmente a actriz que teve menos tempo de filme foi a que mais me surpreendeu, e mais o olho me encheu. Falo de Violda Davis, nomeada para melhor actriz secundária por este filme, assim como Amy Adams, Philip Seymour Hoffman e Meryl Streep, esta última como melhor actriz. Este foi O filme que dominou as nomeações para Óscares de melhores actores, de facto um elenco de luxo e uma bela direcção de actores.

O filme tendo sido, para mim, uma desilusão não é um mau filme apenas defrauda expectativas e tinha potencial para ser explorado.

Nota: 2,5/5

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

E já agora "Taxi Driver" (1976)

E o Top Gun (1986)?

E se o “The Shinnig” (1980) fosse uma comédia Romântica?

Carlito's Way (1993)

Toda a gente me pergunta – Então, não viste nada interessante ontem? No blogue não está nada!!

Calma, calma meus senhores que isto tem de ser escrito e pensado pelo menos uma meia vez...


Ontem vi um filmezinho que andava na minha, To See, lista há alguns, poucos, meses. “Carlito’s Way” de Brian De Palma com Al Pacino e Sean Penn. Pela fama que o filme carrega esperava um pouco mais, mas é, mesmo assim, um belo filme. Conta com uma cinematografia muito típica de alguns filmes dos anos 90, o que até é reconfortante, e está recheado de boas interpretações. Al Pacino raramente desilude, e aqui tem mais um grande papel, Penn também defende muito bem o seu personagem.

O filme conta como um ex-condenado tenta seguir um caminho honesto, alcançar um sonho, mas que falha quando os problemas lhe caem nos pés. Há uma Quote do “The Godfather: Part III” (1990) que resume bem este filme: “Just when I thought I was out... they pull me back in.”

Nota: 3,5/5

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Valkyrie (2008)


Olá senhores de fraque se encontram aí atrás à esquerda!

Ontem a convite de um amigo fui à ante-estreia do “Valkyrie” – e não foi num Multiplex, foi num cinema a sério daqueles com a sala grande e onde as cadeiras ainda fazem soar um rangido de madeira (sweet, sweet sound; quando não é em exagero).


Um filme que pertence ao claro plano de reconciliação de Tom Cruise com o público (espectadores, não é o jornal...hoje não estamos muit prespicazes, hem!).


O filme conta-nos a última de 15 tentativas para assassinar o Führer (Adolf Hitler), todas falhadas (caso contrario, o mundo seria um lugar diferente), levada a cabo pelo Coronel von Stauffenberg e com um importante apoio militar e político. O filme é muito certinho sem nenhum risco técnico e sem provocar nenhum deslumbre, é quanto a mim uma realização pouco inspirada. Mesmo a história que podia transformar o filme mais apelativo é algo morna e curta para um filme com estas ambições. Fica-nos como melhor memória do filme a imagem visualmente forte de Stauffenberg, que parece ter sido retirada de um livro de BD.

Nota: 3/5

Andrew Bird

Porque isto é demasiado bom para não ser visto aqui fica a minha nova “coisa” preferida.


Andrew Bird - From the Basement from QandnotU on Vimeo.

Obrigado Rui Tavares por me dares a conhecer Andrew Bird.

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Dumbo (1941)


Dumbo? Dumbo? Isso não é um filme para crianças?

É pois, mas eu também gosto...

Ofereceram-me a edição especial comemorativa dos 60 anos do Dumbo. 60 anos, quem sonharia que um filme com 60 minutos iria continuar a ser um dos que pululam a nossa memória colectiva? Hem?

Devo confessar que tenho uma grande falha no que toca aos clássicos Disney, ficando-me apenas por memórias vagas do “Snow White and the Seven Dwarfs” (1937) e do “Fantasia” (1940). Não tinha portanto qualquer ideia sobre este filme sabia apenas que o elefante conseguia voar tal as dimensões das suas orelhas (pavilhões auditivos, como alguns dizem agora). Este filme ganhou um Óscar para melhor música, e de facto a música neste filme proporciona um ambiente fantástico (mostra como devem ser feitas as bandas sonoras para filmes como este). É um filme cheio de clichés, até pela época que foi feito e a quase obrigação de inclusão de padrões e lições morais, mas é um filme maravilhoso, cheio de ternura.

Parte preferida: o comboio a tentar subir a encosta – I think I can! I think I can! ... I thought I could! I thought I could! (Magistral)

Nota: 4/5 como clássico intemporal

terça-feira, fevereiro 03, 2009

Topaz (1969) e a necessidade de tudo ser perfeito.


“Topaz” é um bom filme de espionagem, centrado na crise dos mísseis de Cuba. Há uma promiscuidade entre Estados Unidos, Rússia, Cuba e França num jogo de bastidores que define o resultado desta crise. Hitchcock decide, neste filme, não usar grandes estrelas e usar actores menos conhecidos. Perde o filme por não ter uma aura de estrelato e um cunho de garantia de qualidade, mas os actores escolhidos têm o carisma necessário para interpretar uma história como esta. Há neste filme também um claro intuito de mostrar situações melodramáticas, mas com o cuidado de não as exacerbar impedindo que estas retirem protagonismo à crise em causa. A cena de abertura mostra a grandiosidade de uma parada militar Russa, que no decorrer do filme e por contraponto é derrotada pela astúcia de um punhado de homens.

No entanto “Topaz” não pode ser considerado um filme excelente, por dois motivos, primeiro porque não é uma obra-prima, não tem um grande factor de surpresa, e segundo porque empalidece por comparação com outros filmes do Mestre. Mas a verdade, como dizem alguns críticos, é que fazer um filme bom, e “Topaz” é bom, é já uma tarefa bastante difícil e não devemos desdenhar este filme apenas por não ser um dos melhores Hitchcocks de sempre.

Do meu ponto de vista, que como normalmente é de cima para baixo, este filme deve ser visto e desfrutado como um filme de espionagem que nasceu na mesma década que o Rei de todos os espiões.

Nota: 3/5

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Especiais de Natal BBC

O Natal já passou. É verdade, mas não pode ser quando um Homem quiser?
Pode, não pode?
Então cala-te!

Os especiais de Natal da BBC conquistaram-me com tamanha pujança que fiquei rendido.
Soube-me muito bem ver, este fim-de-semana, o “The League of Gentlemen – Christmas Special” (2000). Sempre com um humor quase extremo, este especial desenrola-se ao longo de três histórias inverosímeis mas brilhantes, ao estilo de “Amazing Stories” (1985) do Spilberg.
Vi também há pouco tempo, há coisa de uma semanita, o “The Office – Christmas Special” (2003) e, em sintonia com o tom da série, foi de tal forma inovador que foi, para mim, um deleite. Fiz tudo bem feitinho porque primeiro vi as séries e depois este especial.
São os dois fantásticos programas especiais de televisão, que devem ser visionados por todos. Olhem que não exagero, nesta afirmação.

Nota: League of Gentlemen – 4/5 - Excelente
The Office – 4,8/5 – Muito próximo da perfeição.

P.S. – O que quero no próximo Natal é mais uma série de “The Office”. Já agora que estou a pedir, podia ser também a terceira série do “Extras”?