quarta-feira, agosto 26, 2009

Allen fez-me companhia

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As férias foram produtivas. Tive tempo para ver e rever alguns filmes e tive tempo para pôr parte da leitura em dia. Analisando todos os pedaços de cultura que me passaram pela mão, Allen foi responsável pelo maior número. Então que andei eu a ver do mestre Judeu?

Annie Hall (1977)


Hands down o meu filme favorito de Woody. Se há coisa que Allen faz bem é escrever diálogos. São soberbos, a personagem que ele personifica neste filme é uma das minhas personagens preferidas da história do cinema, nunca ninguém foi tão neurótico e, principalmente, nunca ninguém foi neurótico de forma tão culta e erudita.

Manhattan (1979)

Ok, as personagens têm nomes diferentes das do filme anterior, mas são as mesmas. Este é o Annie Hall 2. E ainda bem que é, porque é quase (falta-lhe um bocadinho assim) tão bom como o anterior. Aqui a personagem de Allen interage com a personagem de Keaton num grau de erudição ainda mais elevado. Este chorrilho cultural pode ser visto como um elitismo de esquerda, mas considere-se este um abrir de olhos para consciências desconhecidas.

É neste filme que Allen diz que vale a pena estar vivo porque existe Groucho Marx (no blog pululam posts em que falo sobre a influência avassaladora da obra de Groucho sobre Woody Allen)

The Purple Rose of Cairo (1985)

Uma homenagem ao cinema. Um filme sobre filmes. A verdadeira fragilidade das relações humanas é aqui exposta através de uma personagem de um filme que desconhece a realidade e os problemas que aí existem. Um exercício complexo demonstrado de uma forma simples com recurso ao absurdo.

Radio Days (1987)


Mais uma vez, Allen consegue produzir diálogos e, sobretudo, situações tão bem construídas que me arrepia. Para mim a narração e a convivência da família num espaço exíguo fazem deste um grande filme. As musas de Allen à época entram todas neste filme. Se fosse hoje entrava Scarlett Johasson.

P.S. – Já se aperceberam da similaridade entre alguns filmes de Allen e de Tarantino? Há nos dois um cuidado extremo com os diálogos e ambos fazem amor com as personagens femininas através da câmara.

3 comentários:

Gema disse...

Os dois ultimos ainda não vi dele... mas Annie Hall e Manhattan já - gostei imenso do 1º e gostei na altura também de outro que vi Hannah e as suas irmãs.
Allen é Allen e sem dúvida que o melhor dos filmes de Allen, são mesmo os diálogos ;)
Bjs

AddCritics disse...

Gema - O Hannah também está na minha to see list. Allen é fabuloso e tem da escrita mias interessante e inteligente que conheço. Se ainda não tiveres lido livros dele, aconselho que dês uma vista de olhos aos primeiros, são algo de fantástico. Conseguem ser melhores do que os filmes.

Bjs

Unknown disse...

Ora bem, vi os quatro filmes do Allen a que te referes (faltam-me poucos para acabar a sua colecção) e estou de acordo em muitas das coisas que escreves, especialmente no que toca ao PS. Sempre achei Allen e Tarantino muito parecidos no que à genialidade da escrita dos diálogos diz respeito. E ambos emanam uma enorme paixão pela sétima arte, algo que fica bem evidente em todos os filmes.

Quanto às preferências devo dizer que sou dos únicos que não considera Manhattan e Annie Hall como as suas melhores obras. Aliás, Manhattan nem entra no top 10. O meu favorito é mesmo Purple Rose of Cairo e o Radio Days também é um dos melhores. Neste último Allen prova que além de escrever diálogos extraordinários consegue criar um enredo incrível (veja-se também Desconstructing Harry por ex).

Abraço