sexta-feira, julho 25, 2008

The Dark Knight (2008)



Esta semana a net não parou de bajular Christopher Nolan. Este senhor conta já com belíssimos filmes no seu C.V. (“Memento” (2000) e “The Prestige” (2006) filmes a ver), mas tanto hype? A verdade é que a morte precoce e trágica de Heat ledger catapultou este filme negro para locais onde nunca chegaria sozinho.

A bajulação impõe-se! O senhor safa-se bem, faz filmes que surpreendem, e neste novo Batman confirma-se como versátil.

Outra coisa que não parou de circular na net é o respeito que Heath ganhou com esta personagem, aquela que aliada à sua morte o eleva ao estatuto de estrela perdida. Ledger era já uma das grandes promessas de Hollywood em termos de actores (e não são muitas as promessas) que com uma série recente de grandes interpretações se começava a afirmar como um dos grandes actores da actualidade. O seu Joker é muito interessante, com um crescimento dramático ao longo do filme culminando numa personagem intensa e complexa que se satisfaz apenas com os acontecimentos que facilita e não com o clássico domínio da sociedade. Joker torna-se num vilão manipulativo capaz de planear tudo ao pormenor e de interagir com o modo de pensar das suas vítimas. Tudo nele estava perfeito, a voz, a postura e até a maquilhagem desarranjada introduziu uma complexidade acrescida à personagem, que Joker estimula pelos vários cenários que cria para a génese das suas cicatrizes.

De Aaron Eckhart poucos falam, mas deviam. Eckhart tem uma interpretação brilhante que embora não possa ombrear com Ledger não envergonha e surpreende. A evolução da personagem de Harvey Dent ao longo do filme é muito bem conseguida e a sua transformação em Two-Faces, embora repentina, tem pormenores brilhantes como a moeda e o facto do acaso passar a controlar a sua conduta. Este foi um volte face (trocadilho giro, não?) interessante, porque após a explosão pensei ter-se iniciado o caminho para o terceiro filme, mas não tudo culmina, tudo acaba e quanto a mim este podia ser um caso em que a trilogia ficava só com dois filmes.

O filme, é um bom exemplo de que os filmes de super-herois podem ser inteligentes e não banais. Há por ai muito senhores que deviam vir beber influências a “The Dark Knight”. Tramas secundárias interligadas com a trama principal que se divide em dois actos, conferem-lhe uma profundidade e uma estratificação que favorece o conjunto, tornando-o num bom filme. É negro e empurra Batman para um universo mais real menos ficcionado do que o da Gotham a que nos habituamos, cheia de elementos cartoonisticos.

Não deixem de ver este filme que vale pela trama e pelos desempenhos de um conjunto de actores fabulosos. Um terceiro filme dificilmente conseguirá atingir este patamar. Heath Ledger vai tornar-se uma lenda e o seu papel de Joker vai ser considerado uma das melhores interpretações de sempre.

Nota: 4,5/5

Agora o que eu queria mesmo era ver Nolan a realizar um James Bond com Craig.

segunda-feira, julho 21, 2008

Influências de Groucho em Allen


Aqueles que se interessam um pouco mais pelas obras de Woody Allen sabem que este é influenciado por Groucho Marx, ao ponto de em Manhattan (1979) o listar como uma das coisas pelas quais vale a pena estar vivo. Nunca me tinha apercebido tanto da influência deste autor como nos dois últimos filmes que vi de Allen: “Everything You Always Wanted to Know About Sex * But Were Afraid to Ask” (1972) e “Sleeper” (1973). Estes filmes são aquilo a que podemos chamar a actualização do humor Slapstick dos Irmãos Marx e de Chaplin com jogos de palavras à Groucho Marx (mesmo assim com uma cadência um pouco menos alucinante que Groucho). Em “Sleeper” podemos ainda encontrar claras influências de “2001 A Space Odyssey” (1968) e uma das sequências de “Everything…” assemelha-se em muito a um filme de Edward D. Wood Jr. “Bride of the Monster” (1955). Quem não gosta de encontrar referências deste calibre em filmes? Hem? (Eu sei quem delira com isto, o Tarantino)

Fiquei muito agradado com este dois filmes até porque aprecio muito os textos tanto de Allen como de Groucho (desde já aconselho a leitura das obras deste senhores, os textos de Allen conseguem ser ainda melhores que os seus filmes).

Agora vamos às notinhas:

“Everything You Always Wanted to Know About Sex * But Were Afraid to Ask” (1972) – 3,5/5
“Sleeper” (1973) – 4/5

sexta-feira, julho 11, 2008

Time is up… 5 Stars are born!


Terminou o tempo e eu salvei o dia (hehe! só assim me assemelho a Jack Bauer).

Parece que a ideia passou na aprovação popular e algumas das minhas apreciações vão trazer notas (notas virtuais nada de andar a dinheirinho ó pessoal) decidi-me pela fórmula clássica das 5 estrelas, e não, não vais ser como nos hotéis quanto maior melhor. Nada disso! Para dar notas a um filme é preciso estabelecer critérios, não vá isto descambar e dar notas à maluca, isso é competência do ministério da educação e dos seus novos critérios para os exames nacionais. Até porque não gosto de calos, muito menos de os pisar! Continuamos a ter alunos vergonhosos mas pelo menos são vergonhosos com boa nota, há que haver um bocadinho de orgulho.

Os critérios são (tantantantannn):

5 estrelas – Um filme com 5 estrelas tem que ser um filme excelente em todas as suas vertentes, argumento, realização, produção, fotografia, desempenho dos actores e da minha preferência pessoal (não consigo não ser parcial). Tem ainda de ser um filme com a capacidade de passar o teste do tempo e de se tornar clássico.

4 estrelas – Este é um filme a ver, um filme muito bom. Daqueles que embora possam não se tornar clássicos, são filmes que são essenciais para um cinéfilo.

3 estrelas – Este é um bom filme daqueles filmes em que achamos que valeu a pena o tempo que despendemos na sua visualização. São por exemplo filmes que têm sequências excepcionais que só por si elevam a qualidade do filme, ou que não sendo bons filmes, são para mim Guilty Pleasures.

2 estrelas – Filmes que cumprem o seu objectivo, que entretêm mas por vezes muito pouco. O tipo de filme que vemos ao domingo à tarde na Televisão, ou que os americanos vão ver ao cinema…

1 estrela – Tenham medo muito medo porque estes tiram-vos anos de vida que não conseguirão recuperar.

Estes valores estão sujeitos a partições e não me parece que vá ser invulgar dar notas de x estrelas e meia.

Se encarnasse numa senhora de certa idade do interior norte, ou então num padre, diria:

Esperai por mais esta novidade, não olvidai os critérios e estai atentos …

quinta-feira, julho 10, 2008

Querem saber o que eu acho?


Estou a pensar introduzir uma nova modalidade neste que é o blogue maravilha do panorama cinéfilo Português e mundial (alguém tem que valorizar isto e se não for eu…chapéu), dar uma nota aos filmes que vou falando.

Que tal? Concordam?

A votação abre hoje e por apenas 24h, digam de vossa justiça na zona de comentários.

quarta-feira, julho 09, 2008

Grindhouse (2007)





Quando já se tem sucesso e se é realizado, o que resta?

Fazer o que dá realmente prazer.

Foi o que fizeram Tarantino e Rodriguez nesta homenagem aos filmes de série Z que viam durante tardes inteiras em pequeno cinemas decrépitos onde as sessões eram contínuas e se podia entrar a meio de um filme e ficar por quanto tempo se quisesse.

Ontem tive a minha experiência Grindhouse e tenho que dizer que gostei muito. Este projecto é constituído por dois filmes com mutuas referências “Death Proof” realizado por Quentin Tarantino e “Planet Terror” de Robert Rodriguez. Estes filmes foram idealizados como um conjunto e como tal devem ser visionados juntos, foi o que fiz.

Olhando para o conjunto, as partes são muito distintas não havendo uma colagem de um filme ao outro, no entanto as referências, embora subtis, permitem uma localização espacial e temporal comum o que confere uma ligação circunstancial às tramas.

Olhando para as partes separadamente, preferi sem duvida o “Death Proof” que se socorre daquilo em que os filmes de Tarantino são melhores, nos diálogos. Adorei as várias referências aos outros filmes do realizador e a forma como alguns filmes e séries foram homenageados. Por outro lado “Planet Terro” parece-me cumprir melhor o objectivo a que se propôs, isto é um recrear do espírito dos filmes de série Z onde o mais improvável e grotesco acontece (aqui sim a homenagem foi perfeita – se bem que estes realizadores tinham já tido uma experiência neste tipo de abordagem em “From Dusk Till Dawn” (1996)).

Sim senhor foi uma experiência que valeu a pena, agora para valer o preço da caixa com as edições de dois dvds é uma experiência que tem de ser repetir. Algo que farei com muito prazer.

Quote “Death Proof”:

Stuntman Mike: Well, Pam... Which way you going, left or right?
Pam: Right!

Stuntman Mike: Oh, that's too bad...

Pam: Why?

Stuntman Mike: Because it was a fifty fifty shot on wheter you'd be going left or right. You see we're both going left. You could have just as easily been going left, too. And if that was the case... It would have been a while before you started getting scared. But since you're going the other way, I'm afraid you're gonna have to start getting scared... immediately!






quarta-feira, julho 02, 2008

Californication (2007)



Pois é o meu prazer de segunda à noite terminou, e agora…

Agora venha o próximo que não se pode parar.

Esta foi uma das coisas mais frescas que surgiu nos canais Portugueses nos últimos anos. Com humor e drama q.b. atinge o clímax quase em cada cena, com passagens extremamente gráficas e desafiadoras da estética e moralidade instalada. Ainda há uns tipos com tomates para pôr cá fora uma série destas e com um talento prodigioso no que toca a escrita de diálogos e de situações. Para além disto está bem feita, bem realizada e bem produzida, até a duração curta dos episódios foi bem pensada – só assim se garante o ritmo alucinante de alguns episódios.

Mas acabou a primeira série e acabou muito bem, ao ponto de ficar satisfeito se fosse uma daquelas séries sem Franchising prolongado, uma coisa simples e definitiva. Mas já se sabe como o mundo funciona, gira em torno de um eixo imaginário e as séries de sucesso não se ficam pela primeira temporada.

No fundo todos nós queríamos ser Hank Moody…