quarta-feira, outubro 24, 2007

O Principio da Incerteza (2002)

Agora é moda!

Fui à cinemateca ver um filme de Manoel de Oliveira, fui sozinho não consegui ser persuasivo o suficiente para convencer alguém a ir comigo (talvez se não tivesse dito que era um filme de Manoel de Oliveira). De facto existe em Portugal o estigma palpável que um filme de Oliveira é entediante e que impreterivelmente leva ao sono e às cabeçadas no vazio.

O meu conhecimento da obra deste que é o realizador mais velho no activo (o senhor tem 98 anos e tem uma produtividade superior a um filme por ano – do caraças, hem?) era e é incipiente tendo visto somente o Aniki Bóbó. Por isso decidi que ia ver o filme, e de facto gostei do que vi. É um tanto ou quanto parado, mas é um filme que embora suportado pelo enredo tem uma presença muito forte da imagem e da fotografia. Os cenários naturais proporcionados pelo Douro e as viagens de comboio atraem o espectador. O filme completa-se pela erudição de alguns diálogos bem como pela sua complexidade e segundos sentidos. Durante um diálogo, são raras as vezes que duas personagens trocam olhares, ficando uma delas a olhar para o infinito mostrando muito poucas emoções (pondo a minha colherada dizia que são expressões à la Buster Keaton).

Outra coisa que impressiona é o facto de o realizador ser ainda responsável por parte argumento (baseado num livro de Agustina Bessa-Luís) e diálogos, tem ainda responsabilidades na edição do filme.

Manoel de Oliveira um realizador a descobrir, mas nas salas de cinema porque acredito que em casa seja uma pouco mais difícil…

1 comentário:

Gonçalo disse...

Amigo ñ foi falta de persuasão, até porque estou muito curioso para conhecer a cinemateca.

Quanto ao Sr. Manuel de Oliveira, devo concordar com a tua opinião. Só o nome já me leva a bocejar, no entanto, nem sequer me lembro de ter visto qualquer filme deste senhor.
Irei esforçar-me para conhecer um pouco a sua obra e só depois tomar uma posição. E se de facto estiver certo em relação à sua obra, não há problema porque ando mesmo a precisar de umas tardes de siesta!;p

Grande abraço