
Jackes Tati veste o papel de Monsieur Hulot aquela que é a sua personagem mais carismática. É com esta personagem que Tati nos leva a regressar ao cinema de regras clássicas, como o cinema de Chaplin. Consegue transmitir emoções muito vivas com recurso a comédia situacional e de costumes, exacerbando a reacção do espectador com o auxílio exímio de uma banda sonora perfeita. Esta tradição do cinema mudo é transposta para uma realidade muito mais acelerada e muito mais exigente de uma forma sublime. Apenas Tati consegue segurar o espectador moderno numa cadeira de cinema com filmes de moldes mudos.
“Les Vacances de Monsieur Hulot” está, a meu ver, uns furos abaixo de “Mon Oncle” (1958) de que já aqui falei. No entanto não deixa de ser um exercício fabuloso de cinema e uma obra extremamente corajosa e arriscada. As férias como aqui são retratadas trazem-me um sentimento saudosista de quando as pessoas de férias, por se encontrarem deslocadas, se reuniam e novas amizades, ainda que efémeras, se firmavam apenas para se retomarem um ano depois em equivalente situação.
Nota: recebe um firme 3,5/5
P.S. Quero mais, quero mais filmes de Tati. O génio que veio de França.