domingo, janeiro 31, 2010

A propósito de "Nine"

Se há coisa que atrai pessoas ao cinema para ver “Nine” (2009) é sem dúvida o elenco fabuloso. Tenho algumas dúvidas que o vão ver por ser uma homenagem ao 81/2 de Fellini. A verdade é que poucos filmes no passado recente conseguiram concentrar tamanha constelação de artistas. No entanto num passado não muito longinquo, mas não recente, havia filmes, em que também havia cantoria, com elencos que não ficavam nada atras de o de “Nine”. Então fui às minhas poeirentas prateleiras e encontrei duas pérolas com elencos de deixar a boquinha escancarada. Alguém tem palpites? Não?

Robin and the 7 Hoods (1964)


Um recontar da lenda de Robin Hood mas em Chicago durante a lei sêca. Ah é verdade e há cantoria à mistura, ao bom velho estilo de Hollywood. E o elenco? Essa é a melhor parte: Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis Jr., Bing Crosby, Peter Falk (numa interpretação fabulosa) e Edward G. Robinson (do mitico “LittleCaesar” (1931)). Impressionante.

The Blues Brothers (1980)


Cada vez gosto mais de filmes da década de 80. Os melhores filmes de familia são sem dúvida os desta década. Este é um filme muito querido nos Estados Unidos, mas estranhamente em Portugal raramente referido. É um filme que segue uma dupla de irmãos pelas situações mais incriveis que se pode pensar e sempre com uma atitude de despreocupação inabalável. Ahh! e claro também não podia faltar a cantoria. O elenco mais uma vez é escolhido a dedo. A saber: John Belushi e Dan Ackroyd a interpretarem os irmãos, e agora o que é realmente impressionante, James Brown, Ray Charles, Aretha Franklin, Cab Calloaway, Steve Cropper, Donald Dunn, Murphy Dunne, Willie Hall, Tom Malone, Lou Marini, Matt Murphy e Alan Rubin.


Vamos lá a pensar bem...será o elenco de “Nine” assim tão fabuloso? É, mas não é inédito.

quinta-feira, janeiro 21, 2010

Colaboração AddCritics e The Movies I See

Tinha prometido novidades, aqui está uma fresquinha acabadinha de sair do forno a estalar.

O AddCritics vai ter colaborações com pessoas de diversos quadrantes de área dispares mas que tenham em comum uma paixão pela 7ª arte.

A primeira é uma que muito me apraz porque é com um colega de um blogue dedicado a filmes que vos instigo a visitar The Movies I See. Combinámos ir ver este filme escolhido por ele e decidi então convidá-lo a fazer esta pequena joint venture. Os textos estão publicados nos dois blogues, numa parceria que se espera duradoura e frutuosa. As discussões entre nós sobre filmes já existem há muito tempo, e digo-vos que embora concordemos em muitos filmes temos ideias e maneiras diferentes de olhar para cada filme. Isto leva-me a pensar que para os leitores de qualquer um dos blogues possa ser interessante ler inputs diferentes sobre um mesmo tema. Viva a diversidade! Não há ai um hinozinho para tocar? ou mesmo uma marcha popular? Uma sardinha é que ja caia bem que isto de pensar e colaborar dá fome. Maria traz daí o fogareiro. Tou afogueado por uma “pinga no pão”.

Bright Star (2010)


Eu vi o Piano (1993) e sinceramente, pareceu-me um pouco enfadonho. Mas na época era um imberbe jovem que começava a tentar penetrar nos meandros do cinema mais complexo. Agora provavelmente parecer-me-ia um filme interessantíssimo. Isto para explicar que o meu entusiasmo a ir para o filme era pouco.

Mas de repente algo mudou – o filme começou!

É uma obra belissima, a direcção de actores é fantástica e o cuidado com que as emoções são abordadas é sublime. Os sentimentos transbordam das personagens para os espectadores, as palavras são desnecessárias, a excitação da descoberta de um amor mistura-se com a alegria de o consumar e esta entrelaça-se com o desgosto da distância e com o pesar, fisicamente doloroso, da perda. Keats era genial mesmo morrendo aos 25, mas nunca a sua genealidade lhe foi mostrada por outros que não os amigos. Será que uma aclamação da critica o teria salvo? Talvez não, porque nem um amor tão profundo o conseguiu salvar.

Nota: 4/5 but, beware this is almost a snoozefest film – I enjoyed it, nevertheless.

quarta-feira, janeiro 20, 2010

Dois filmes em Nova York!


Vi estes filmes quase em simpatria temporal, e gostei de ambos. São os dois relactivamente desconhecidos ou desconsiderados, porque nunca antes tinha deles ouvido falar. Então puxo eu agora de uma caixinha de sabão e faço deste canto o meu mui privado Speakers’ Corner. Bem sei que se vou falar de Nova York, Londres não é para aqui chamada...mas apeteceu-me!

New Stories (1989)

Este filme perseguia-me há bastante tempo. Queria vê-lo mesmo sabendo muito pouco sobre ele. Apenas sabia que era uma colecção de 3 histórias contadas por 3 realizador que admiro. E para mim basta. Os realizadores são o Scorcese, o Coppola e o Woody Allen. Temos então 3 contos de 40 minutos cada, com apenas uma coisa em comum, todos se passam na Big Apple.

Scorcese leva o prémio. É a melhor história das 3, é a mais envolvente e a melhor realizada. A música é fenomenal e assume-se como mais uma importante parte da história.

Coppola fica com o bronze. A história não me empolgou nada.

Allen, não deslumbra mas leva todo o conto a extremos de absurdo, como só ele o sabe fazer. Numa das interpretações mais neuróticas de sempre Allen vê-se a braços com a mãe a habitar o céu de Nova York...e mais não digo.

After Hours (1985)



Scorcese depois da tentativa falhada de realizar “The Last Temptation of Christ” renasce ao realizar uma comédia mirabulante. Mirabulante é um adjedctivo parco para qualificar o que acontece à personagem principal durante uma noite à deriva em Nova York.

Quando sai do trabalho Paul Hackett (Griffin Dunne) nunca poderia supeitar na roda viva de emoções e perigos em que se tornaria a sua noite. Seduz uma rapariga com problemas de instabilidade emocional que se suicida por causa dele, entretanto não tem dinheiro para voltar para casa. Vai para um bar para fugir à chuva e percebe que a suicida é namorada do dono do bar que tinha acabado de se oferecer para o ajudar. Refugia-se na casa da empregada do bar, que entretanto se despediu, e descobre que ela é psicopata e vive num apartamento rodeada de ratos. Foge de casa dela apenas para ser confundido com um ladrão e acaba perseguido por uma multidão em furia liderada por uma carrinha de venda de gelados. Mais uma vez procura um sítio onde se esconder e acaba preso dentro de uma estátua de papier mâché. O filme acaba com ele a limpar o fato e a entrar no local de trabalho, como se nada fosse. Apenas mais um dia na vida de um processador de dados.

Este é um resumo simplificado do que acontece em hora e meia de filme. Tudo isto filmado por um dos grandes realizadores do nosso tempo. O que há para não gostar neste filme?

Nota: 3.5/5 aos dois filmes. Gostei muito deles mas nehum deles é muito ambicioso e não seria justo dar-lhes nota mais elevada que isto. Mas têm uma grande probabilidade de se tornarem em guilty pleasures.

sexta-feira, janeiro 15, 2010

Amarcord (1973)


Vivaldi compôs as 4 estações, Fellini realizou Amarcord.

Fellini guia-nos por Rimini, a sua aldeia natal, e leva-nos a percorrer com ele um ano completo, 4 estações na vida quotidiana de uma aldeia costeira numa Itália fascista.

O filme passeia-se pelas vidas das pessoas de Rimini sem uma direcção, sem um sentido pré-definido, sem uma história de fundo. No entanto, a falta de um argumento é algo que se torna imperceptível tal a genialidade das situações e a simplicidade com que todos os assuntos são abordados. E mesmo com a aparente desconexão entre cenas, o filme é brilhante. Desarma com a sua simplicidade, com a facilidade que nada se torna num monstro cinematográfico que vai crescendo e se torna enorme. Cada canto do filme é memorável,e depois de um não tão agradável “Roma” (1972), este Amarcord fez-me render e prostrar por completo ao mestre Italiano. O tal realizador que conseguiu que 4 dos seus filmes fossem distinguidos pela Academia, mesmo fugindo aos cânones cinematográficos como o diabo foge da cruz.

Este filme, e para continuar a não ser parco em adjectivos, é delicioso, e é um crime alguém não o conhecer. Por isso, meninos e meninas, todos em romaria ao clube de vídeo para alugar este filmito. Este filme acompanha muito bem pratos de carne vermelha bem condimentados. Também vai bem com frutos secos e mel, mas só para quem gosta de taninos bem apuradinhos.

Nota: 4/5 para justificações ler o texto acima

Agora um pequeno desafio...

O que tem o recentemente estreado “Nine” (2009) a ver com este filme?

quinta-feira, janeiro 14, 2010

I’m back...again!


Sim, eu sei que muitos ansiavam por este momento. A espera acabou - I’m back in the game. Começo com um 4 x 4 x 3 para ter vantagem.

Pois é caríssimos parece que 2010 nos chega com vários projectos em carteira. Eu tenho uns na manga e vocês? Esperem novidades fresquinhas e possivelmente um pouco mais de interactividade do blogue com a comunidade.

Agora com o novo arranjo parlamentar parece que a coisa animou o estaminé e a facturação vai disparar. Ainda bem que vim de laço e pus as toalhas vermelhas nas mesas.

Bem tenho que ir, vou ver um episódio de Simpsons. Isso ou fazer mais uns croutons que os de ontem estavam divinais...querida abre o merlot s’il vous plait.