segunda-feira, fevereiro 18, 2008

“O Estranho Caso do Cão Morto”

Quando falta a inspiração para escrever ciência escreve-se sobre outras coisas que nos dão prazer. Vá coisas séries não sejam ordinários!

Mark Haddon escreveu um livro que me surpreendeu pela positiva. Para terem uma noção li-o em dois dias, que para quem me conhece sabe que é um feito de proporções hercúleas. Foi uma prenda de Natal inesperada não esperava recebê-lo muito menos adorá-lo.

Este livro conta a estória de um menino autista que está a escrever uma estória sobre um misterioso caso de um cão que morreu na vizinhança.

O extraordinário deste livro, para além da escrita subtil e sublime, é a organização dos capítulos. Em vez de uma numeração normal, os capítulos estão numerados com números primos. Outra coisa excelente é o facto de num capítulo se contar a estória da vida do rapaz e no capítulo seguinte estarmos a ler o livro que ele está a escrever. Somos então obrigados a saltitar entre realidades (qual ponte de Einstein-rosen) até um ponto em que as duas se cruzam e toda a tónica do livro passa de uma comicidade doce e ingénua para um drama familiar e uma crescente consciencialização do rapaz para a realidade. Tudo isto feito com uma mestria e com um ritmo perfeito. Sinceramente houve alturas em que tive de parar de ler porque tinha afazeres e custou-me muito pô-lo de lado. Foi um livro lido intensa e rapidamente dum tipo de escrita que vai strait to the head, mais ou menos como o álcool (menos cool, mais nerd). No limite podemos considerar este, um épico da escrita de aventura muito ao estilo de Mark Twain em “Huckleberry Finn”.
Hoje vai ser um dia extremamente bom, vi uma data de carros vermelhos!

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